quinta-feira, 2 de abril de 2009

BENDITO OS CORPOS QUE SE MOVIMENTAM

Dançando muito
Dançando solto
Dançando bem diferente
Dançando curto
Dançando torto
Jogando o corpo pra frente
Dançando estranho
Dançando lindo
Dançando muito contente
Dançando funk
Dançando samba
Dançando diversamente

(Dançando - de Péricles Cavalcanti cantada loucamente por Adriana Calcanhoto)


Graças a Kátia (blog webneguinha), meu dia está terminando leve, depois de um início... nem tão leve assim. Há tempos atrás ela colocou em seu blog um vídeo do Grupo Corpo e falou da alegria gorda de assistir ao DVD de 30 anos da companhia (na verdade, lembro muito não, ela pode ter feito referência a outro DVD do grupo). Desde então, comecei a tentar fazer download de alguns espetáculos a que assisti extasiada há anos atrás.

Depois de alguns dias, devido à conhecida lerdeza da minha conexão com a internet, consegui ter dentro do meu computador os 44 minutos da coreografia "O corpo", com música de Arnaldo Antunes. Todavia, só hoje, depois de um dia exaustivo, com o corpo doído, resolvi, para relaxar, assistir àqueles leves corpos que brincam de tornar movimentos dificílimos em saudáveis brincadeiras.

Vendo o lúdico espetáculo, me lembrei que a dança me paralisa. Embora ame mexer meu corpo, falo aqui de assistir a outros corpos em ritmo regular fazendo movimentos. Ver uma bela dança me deixa meio que hipnotizada e eu não consigo deixar de olhar. Às vezes isso chega a ser constrangedor, porque se estou em uma festa, num show ou em qualquer lugar onde as pessoas dancem e vejo alguém mexendo o corpo com certa graça, fico olhando e, mesmo quando não quero mais ou quando racionalmente sei que a minha observação está quase invasiva... continuo a olhar!

Outro dia mesmo, estava com uma amiga no "Balcão cheio de assunto" aqui em Salvador (esse lugar é papo pra outro texto), quando pedi a ela que observasse bem os três caras a nossa frente, porque eles iam dançar muuuuuito. A primeira vez que os vi, dançando em trio, fiquei no estado palerma que antes descrevi. Lindamente, eles acompanhavam as músicas e, em meio a certa malandragem, exibiam seus belos corpos saradíssimos. O do meio, com uma enorme juba crespa solta, parecia ser o líder do trio, comandando os outros dois. Sem dúvida, ele era o que balançava melhor o corpo, movimentando-se com extrema facilidade. Liiiindoooo!!!

Só que no dia em que os mostrei à minha amiga, eles não estavam a fim de dançar. Uma hora ensaiaram começar, mas logo pararam, para meu descontentamento. Saí de lá decepcionada por não ter podido cansar de olhar estática para o trio de dançarinos.

Na década de 90, quando me tornei platéia assídua do grupo Corpo, o que mais impressionava a mim e a meu companheiro de espetáculos de dança, meu querido amigo Wilson, era o fato de a gente ter a sensação de poder fazer aqueles movimentos. Apesar de sofisticadíssimos, a maneira de os dançarinos mexerem o corpo era-nos familiar. Além disso, havia uma espécie de sincronia dissincronizada, ou seja, embora todos os corpos dançantes formassem uma companhia de dança, dava pra gente observar determinadas singularidades físicas e de movimentação de cada bailarino. A perfeição ali não estava tanto na uniformidade precisa dos movimentos, como nos espetáculos de ballet clássico, mas no destaque, dentro do grupão, da beleza de cada corpo em separado.

Nazareth, O corpo, Benguelê, Santagustin, 21, entre tantos outros espetáculos! Quantas vezes saímos do Theatro Municipal do RJ tentando imitar os movimentos vistos no palco, mesmo sabendo que não chegávamos nem perto da acrobática cambalhota ou do fantástico pade-deux?

Então, cara leitora ou leitor, tente você também, é mesmo possível que se aproxime do dinâmico jogo que eles brincam corporalmente. Convido-a(o) a pelo menos tentar... Nem que seja o fácil movimento de robô ou a cambalhota pra trááááááááááááááááááás e... pra freeeeeeeeeeeeeeeeente! Enjoy it!


4 comentários:

Unknown disse...

Cara,
esse Corpo vai e volta em ritmo ja alucinante. Na terça passada eu fui ao ultimo dia de apresentacao do evento "caminhos poeticos da cançao" e as 12:30 foi wisnik e as 18:10 arnaldo antunes, e o que mais gostei nas apresentacoes dos dois foram as musicas que eu ja conhecia do dito DVD do Corpo, de tanto assisti-lo. Quando descobri, entao, na hora do Wisnik, que a musica do espetaculo cantada por ele na parte que mais gosto de Onqoto [aquela em que atos sexuais sao transformados em dança] era na verdade um poema lindissimo de Gregorio de Matos, chorei e tudo... Ainda bem que eu estava só...

Katia Costa-Santos disse...

Esqueci de dizer que fui ver o espetaculo de Debora Colker, "Cruel", pretty much sobre a crueldade do amor. Muito maneiro, tb...

:: Soul Sista :: disse...

Que maravilha, ein, Katia! Só na dança e na música (de Wisnik de preferência, né? rsrsrsrsrsrs). Ta certa vc, viu? Quero ver o mais depressa possível o espetáculo de Débora. Obrigada mesmo por me fazer lembrar que dançar também é elevar-se aos deuses... (pq os nossos deuses estão sempre no alto, ein?) AI ai... Estou naquela fase infantil de perguntas irritantes, sabe? rsrsrsrsrsrsrs

Beijão

Andrea Carvalho Stark disse...

MTO BOM!!!! Já assisti mtas vezes! Vc tem que ver agora é minha filhota no palco do João Caetano!!!

http://www.youtube.com/watch?v=3Gk52cTyMG0

Mostrei a ela um vídeo do Corpo, e ela: "Mãe, isso é balé??!!!" E eu: "É!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"
BY the way, o que é o "Balcão cheio de assunto" ??!!!
BJO BJO E MANDE NOTICIAS!!!