terça-feira, 30 de junho de 2009

COISA DE MENINA... BOBEIRINHAS QUE INTERESSAM...

Pois é, como nesta babel de internet achamos o inimaginável, acordei disposta a ter aula de como andar de salto alto. Não é que achei uma maneirinha!!!!!!
Amanhã à noite, arriscarei meu primeiro salto agulha da vida! Oxalá dê certo! Compartilho com minhas SOULSISTAS o aprendizado. Aproveitem, meninas! Afinal, bobeirinhas sérias também enchem de vida o nosso cotidiano.

Para quem quiser, há a versão legendada: The secret to sexy heel wearing & Fitness

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Never can say goodbye


Um misto de farta felicidade e descrédito foi a sensação que senti aos 11 anos, quando ganhei um concurso de dança Michael Jackson, no auge da fama do cantor, com o álbum Thriller, marco da música mundial. Lembro que, no dia da festa do tal concurso, ensaiei incessantemente aquele famoso passinho de deslizar pra trás (Moonwalk), até conseguir fazer o mais próximo do astro negro que achava lindíssimo, aliás, o único no período da minha pré-adolescência. Absurdos à parte, já me identificava com aquele corpo frágil, dançante e com o cabelo relaxado, que também passou a virar febre no Brasil desde meados da década de 80 e eu, claro, acabei também por copiar aqueles cachinhos molhados com muito gel e água mesmo.

Mas no dia do concurso, eu estava com um colorido rabo de cavalo. Como odiava alisar meu cabelo longo, minha mãe era obrigada a inovar nos penteados. Para aquela festa, do meu rabo saiam várias trancinhas presas com mini presilhas coloridas. Um gracinha!!!!! Tenho a impressão de que o penteado também ajudou na vitória. Primeiro ano de Pedro II, festa do Leo. Apesar de ser uma escola pública, era uma das poucas negras da turma e do colégio. Ganhar aquele concurso de dança foi, portanto, uma espécie de popularização da minha imagem para aqueles novos amigos e o mais importante: a certeza de que poderia comprar lanche na hora do recreio, por uma semana.

Foi relembrando essa e outras passagens que recebi a morte de Michael Jackson. Como disse meu amigo Márcio André, independente de se acompanhar ou não o Michael mais recente, sua morte nos traz a infância de volta. Uma memória oscilante, tal qual o mundo emocional do astro, que atua pra frente e pra trás. Daí vêm as lembranças da mais tenra infância, com os Jackson Five, escutado pelo pai e dançado por todos em casa. Uma festa!

Depois, os desencontros. Um Michael cada vez mais branco, cada vez mais perdido, cada vez mais diferente do que parecia ter sido na minha infância e adolescência. Porém, ainda genial, tanto que não se furtou a falar da sua mudança aparente de cor, na canção Black or White: "I'm not going to spend/ My life being a color". De fato ele não se resumiu a ser uma cor, como nunca foi de uma cor só, para o desprezo de brasileiras engajadas racialmente como eu.

Sua Neverland, seu quarto tomado de bichos de pelúcia e outros brinquedos, acusações de pedofilia, máscaras no rosto, nariz cada vez mais afilado, pele sem cor, filho comprado, entre outras excentricidades tornadas públicas. Um artista genial desde os 9, 10 anos de idade, totalmente em desencontro com ele próprio. O Michael que ontem se foi são esses todos e mais aqueles outros que o público não conhecia. Para mim, sua morte faz parte da continuidade do mito, da lenda pop que ele se tornou, com sua voz, suas composições, sua dança, seu carisma. Pessoalmente hoje, da trajetória em desencanto, fico com tudo dos Jackson Five, especialmente a música mais tocante, utilizada belamente em cena de Crooklyn de Spike Lee, Never can say goodbye...