domingo, 16 de agosto de 2009

Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve


Então, chega a ser engraçado como rememorar é o verbo que, com certeza, está sob a minha escrita. Busco subterfúgios num tema ou noutro, mas sempre volto para mim e para os meus. Como amante de palavras, sempre soube, antes só teoricamente, é verdade, da potência libertária das memórias. Mas como nunca tinha coletivizado as minhas próprias, somente desde que criei este espaço aqui vejo o quanto relembrar o passado liberta a gente de nossas sombras ou faz com que a gente reencontre em algum canto de nós uma felicidade guardada. É por isso que hoje, neste misto de homenagem e divulgação, só posso começar pelo que lembro de há muito tempo atrás. Eu, no início da adolescência, meu irmão, com uns 6,7 anos.

Meu maior momento de liberdade em casa era quando todos saíam e eu ficava em casa só, com a sala toda ao meu dispor. Afastava os móveis, colocava no som bem alto "Bat Macumba" de Gil e ensaiava feliz meus passos sinuosos e semi-acrobáticos de dança afro, suadamente aprendidos com Charles Nelson. Ai ai, pulava, pulava e no auge daquela sessão infernal, ainda contava 2,3, 4, 5, 6, 7, 8... dava giros, mexia os ombros, enfim...

Possivelmente, disso não lembro bem mesmo, fazia essas sessões mesmo quando meu irmão se trancava no quarto da minha mãe para ver desenho animado. Só lembro de um dia estar todo mundo no meio da sala, meu irmão pular e ficar fazendo os giros idênticos aos que eu fazia. Tive um misto de raiva e muita vontade de rir, porque aquilo não era pra ninguém ver. Numa dessas de estar trancado no quarto ele deve ter saído, visto aquela cena insandecida e voltado correndo, para não levar uma grande bronca da irmã mais controladora do mundo. A imitação daquele menininho magrelo gerou a gozação geral de todos lá em casa, né?

A vida lá em casa para Felipão nunca foi fácil! Éramos três mulheres geniosas. Às vezes me pergunto: como ele sobreviveu?!?! Mas ta aí, como dizem, bem criado!

A casa barulhenta da gente gerou em meu irmãozinho uma paixão doida por música. O negócio era escutar música alta da boa, tocar piano, teclado, atabaque, o que tivesse em nossa casa de muitos sons. Hoje ele é o que podemos chamar de "garimpador de música boa". Muito boa, por sinal!!!

Se tive minha fase "show caseiro" sem noção, meu irmão também já quase enlouqueceu a casa toda quando resolveu tocar trumpete. Ainda bem, não morava mais lá. Mas sempre que ia pra minha mãe, escutava: pronto, começou! Era um firifim fim infindável! Um belo dia, sem mais nem menos, fiquei sabendo que ele tinha vendido o trumpete. Desistiu de ser Miles Davis! Para a felicidade daquelas mulheres todas!

Mas a paixão pela música tem dado muitos frutos. Meu irmão é mestre em fazer belíssimas seqüências de boa música brasileira contemporânea no FUNK-SE O BRASIL, um dos programas do blog coletivo Rio Groove FM. As swingadas seqüências são resultado de pesquisa musical e muita paixão por todo tipo de música grooveada, funkeada, como queiram! Vale escutar, vale ler os posts e fazer downloads dos álbuns pelos quais se interessem. O blog é todo interessante, porque os outros DJ's também mandam muito bem. Mas, por incrível que pareça, tem mais ouvintes e leitores em países europeus do que aqui no Brasil. Bora conferir, minha gente!

Disponibilizo o programa mais atual, embora o que mais goste seja o de hip hop (pocket 13). Quem quiser, é só clicar em POSTS, dentro do podcast e selecionar o de número 13. Além disso, dá para conferir todos os outros.

E aguardem mais novidades...DJ Gaoners ainda vai trazer muita música boa pra essa doida e maravilhosa coisa que chamamos de mundo virtual, internet, rede, o que quer que seja! Felipão, irmão querido, estamos juntos sempre!!!! É nós...


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domingo, 2 de agosto de 2009

Poema para o dia de hoje


Não é que hoje acordei com uma cena de um ano atrás na cabeça... Eu na casa da minha amiga Adjoa, fazendo exercícios para me soltar em um dos idiomas dela. Muito engraçado, bolávamos uma doideirinhas que, no fim, podiam até não darem certo, mas ríamos muito... sempre! Eu e ela na cozinha lendo dramaticamente o poema "Phenomenal Woman". Ainda mais me empolguei, quando ela disse que as adolescentes amavam, divagamos em torno de aulas interessantes de literatura e, depois, voltamos ao poema. Ela, com um vozeirão, é certo, lia mais dramaticamente do que eu. Depois daquilo, fiquei dias lendo-o em casa e acabei entrando mesmo no clima de auto-valorização do poema.

Pois é, hoje, de ressaca de um porre daqueles que a vida me preparou, o som de alguns versos do poema voltaram à minha mente com toda força. Resolvi então relê-los, escutá-los e disponibilizar o poema aqui neste blog piegas pra lá de íntimo. Pode até ser que milhares de homens não fervilhem atrás de mim, mas que sou uma mulher fenomenal, ah sou!