domingo, 14 de novembro de 2010

Mulher Possível - Poema para o dia de hoje


Hoje acordei ao som de "Com licença poética" da Adélia. Confesso, chorei, chorei mesmo, mas depois, logo depois eu ri um riso largo. O melhor de tudo foi o início da volta da vontade de escrever. Eu to voltando, Adélia! Quem sabe eu não estou voltando...

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.